segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Avanço negligenciado


Uma série de projetos de pesquisa iniciada em 1994, com apoio da FAPESP, tem conseguido avanços importantes na vacinação contra a doença de Chagas, culminando com a cura inédita de camundongos altamente suscetíveis por meio de uma tecnologia de vacina de DNA.

No entanto, de acordo com o coordenador dos projetos Maurício Martins Rodrigues, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ainda não há perspectiva para a realização de testes clínicos, devido à falta de interesse da indústria. A doença de Chagas é considerada uma doença negligenciada.

O protocolo de vacinação utilizado envolve a indução de células T do tipo CD8 contra um antígeno do Trypanosoma cruzi: uma proteína da superfície do amastigoto, que é o parasita em seu estágio intracelular. As células T são glóbulos brancos envolvidos com a resposta imune a tumores e agentes infecciosos.

Rodrigues apresentou o modelo nesta quinta-feira (25/08), durante a 26ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), no Rio de Janeiro.

Segundo Rodrigues, os projetos de pesquisa têm gerado inúmeros trabalhos, teses, reagentes e patentes, que são importantes para o possível desenvolvimento para uma vacina contra a doença de Chagas. O problema é que, por ser uma doença negligenciada, não tem havido interesse explícito de nenhuma companhia em gerar um produto a partir daí.

“A atual situação é que geramos todos os vetores, as proteínas recombinantes de resultados experimentais em animais, obtivemos as patentes e precisávamos agora de algum tipo de contato com empresas interessadas em produzir esse tipo de vacina. Nessa fase da pesquisa, esse interesse já teria se manifestado se não se tratasse de doença de Chagas”, disse à Agência FAPESP.

Rodrigues compara a situação dos projetos sobre doença de Chagas com seus próprios projetos que utilizam os mesmos modelos para estudar a malária. Ele coordena atualmente o Projeto Temático "Geração e análise da imunogenicidade de proteínas recombinantes baseadas nas diferentes formad do antígeno circumsporozoíta de Plasmodium vivax visando o desenvolvimento de uma vacina universal contra a malária", financiado pela FAPESP.

“Na área de vacinação contra a malária trabalhamos com a mesma estratégia, só que utilizamos uma proteína recombinante, em vez de DNA plasmodial. Nesse projeto, conseguimos uma patente internacional de alto nível para a vacina e estamos o tempo todo recebendo contatos de empresas com interesse em desenvolver algum tipo de produto. Isso jamais ocorreu com o projeto sobre a doença de Chagas”, disse.

A produção de conhecimento sobre o tema da doença de Chagas, no entanto, é de extrema importância, ainda que a indústria não se interesse, segundo Rodrigues. “Tudo o que fazemos em doença de Chagas é absolutamente aplicável a outras doenças, inclusive malária, tuberculose ou o HIV”, afirmou.

De acordo com Rodrigues, os protocolos utilizados mostraram extrema eficiência. Segundo ele, ao ter contato com o Trypanosoma cruzi, o indivíduo infectado desenvolve parasitemia, que caracteriza a fase aguda da doença. À medida que os anticorpos começam a agir, a parasitemia diminui e a doença entra na fase crônica, que pode durar pelo resto da vida, em um equilíbrio que mantém vivos parasita e hospedeiro.

“Entretanto, alguns camundongos são altamente suscetíveis e não têm essa diminuição da parasitemia, morrendo ainda na fase aguda da doença. O protocolo que utilizamos induziu a uma imunidade de longa duração e conseguiu, pela primeira vez, curar esse tipo de animal da doença de Chagas”, explicou. 
Comentário:Muito interessante essa noticia pois eles precisam mesmo descobrir mais curas para doenças como Aids.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cientistas descobrem como o óvulo capta o esperma

Estudo pode explicar causas de infertilidade e determinar novos contraceptivos

Cientistas da Universidade de Missouri, da Universidade de Hong Kong, da Academia Sinica em Taiwan e do Imperial College de Londres, descobriram exatamente como um óvulo humano capta um espermatozóide para iniciar o processo de fertilização, revela um novo estudo publicado na revista Science.

A investigação identificou a molécula de açúcar que torna o revestimento exterior do óvulo 'pegajoso', algo vital para permitir que o esperma e o óvulo se unam. Com esta descoberta, os cientistas acreditam que isto poderá resolver algumas das causas previamente inexplicadas de infertilidade humana. Também poderá fornecer um novo alvo para o desenvolvimento de agentes naturais de contracepção.
A equipe internacional descobriu que a cadeia de açúcar conhecida como a sequência sialil-lewis-x (SLeX) é abundante na superfície do óvulo humano. Depois de realizarem experiências com uma variedade de açúcares sintetizados no laboratório, os investigadores demonstraram que a SLeX liga especificamente o esperma a um óvulo e testaram a descoberta através do revestimento exterior de óvulos humanos ‘não-vivos’ e não fertilizados.

“Esta investigação fornece as primeiras pistas dos eventos moleculares que ocorrem no início da vida humana. Os detalhes que descobrimos preenchem uma grande lacuna no nosso conhecimento da fertilidade e esperamos que ajude muitas das pessoas que atualmente não conseguem engravidar”, afirmou Anne Dell, do Departamento de Ciências da Vida do Imperial College de Londres.

“Esclarecer a composição da camada de açúcar que envolve o óvulo humano é o culminar de muitos anos de pesquisa empenhada pelos colegas de espectrometria de massa do Imperial College de Londres. Este esforço foi uma tarefa difícil pois os óvulos humanos são muito pequenos e não tínhamos muito material para trabalhar”, acrescentou a líder da equipe que descobriu os açúcares SLeX na superfície do ovo.

Agentes de contracepção

O autor principal do estudo, Poh-Choo Pang, também do Departamento de Ciências da Vida do Imperial College de Londres, referiu: “Esperamos que nosso estudo abra novas possibilidades para a compreensão e resolução dos problemas de fertilidade que muitos casais enfrentam. Embora os tratamentos clínicos sejam ainda uma alternativa, estamos muito animados com a nova investigação em fertilidade que esperamos que agora seja possível com base no nosso trabalho”.

“Definindo como os espermatozóides inicialmente reconhecem e, em seguida, penetram o revestimento de açúcar do óvulo é importante para a criação de agentes naturais de contracepção e para desvendar as causas da infertilidade humana previamente inexplicáveis ”, referiu o professor associado Gary Clark, da Universidade de Missouri.

Os investigadores estão agora interessados em utilizar os resultados deste estudo para investigar as proteínas na cabeça de um espermatozóide que lhe permitem reconhecer um óvulo.
Comentário:Muito interessante essa noticia pois agora podem estudar melhor a geração de um filho.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Matemática animal: Hienas conseguem contar até três


Animais analisam vantagens e desvantagens quando são ameaçados

As hienas conseguem "contar" até três quando se sentem ameaçadas segundo afirma um artigo publicado na «Animal Behaviour». De acordo com uma equipe de investigação da Universidade de Michigan, em East Lansing (EUA), os animais da espécie Crocuta crocuta dão diferentes respostas quando estão na presença de um, dois ou três indivíduos desconhecidos.

Esta conclusão aumenta a lista de capacidades cognitivas que as hienas partilham com os primatas, para além de suportar teorias como a dos jogos, ou seja, como alguns indivíduos analisam o número de oponentes, antes de se envolverem em interações agressivas. Isso poderia ser entendido por evolucionistas como uma vantagem seletiva, especialmente em ambientes selvagens.
Os cientistas norte-americanos avaliaram a reação de hienas na Reserva Nacional Masai Mara, no Quénia, e analisaram gravações com animais da mesma espécie de outros clãs da Tanzânia, Malawi e Senegal. As hienas são conhecidas pelo seu famoso 'riso', som estridente que emitem quando estão em grupo e já um estudo anterior revelou que riem de forma diferente dependendo da sua posição dentro do grupo. Quase todos os 39 animais (a maioria composta por fêmeas) submetidos ao teste mostraram níveis de vigilância maiores quando gravações de mais de um animal eram emitidas .

Para alguns cientistas, o comportamento das hienas — em grupos hierárquicos organizados com até noventa indivíduos — poderia explicar como os primatas desenvolveram aptidões e até mesmo o nível de inteligência para manter o controle em conflitos sociais, por viverem em grandes grupos. Alguns macacos podem contar até sete.

As hienas vivem em clãs de até quarenta animais. Costumam caçar presas, tal como os lobos e raramente atacam em emboscada. 
Comentário:Muito interessante essa noticia por que prova que alguns animais podem raciocinar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sistemática filogenética em debate

30º Willi Hennig Meeting, organizado por professores e alunos de Biologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São José do Rio Preto, reuniu cerca de 200 pesquisadores, dos quais 65 estrangeiros, de 29 de julho a 2 de agosto.

“Foi perfeito. O Brasil é um dos países com mais contribuição na área”, disse John Wenzel, professor no Carnegie Museum de Pittsburgh, Estados Unidos, sobre o evento que reuniu pesquisadores e estudantes para trocar conhecimento quanto às hipóteses das relações evolutivas dos diversos grupos de organismos, alvo de estudos da sistemática filogenética.

O encontro foi coordenado pelos professores Fernando Noll, do Ibilce, e Dalton de Souza Amorim, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, que teve apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa - Organização de Reunião Científica e/ou Tecnológica.

Pela segunda vez em 30 anos o Brasil foi escolhido para receber um dos eventos mais importantes na área de Sistemática Filogenética – a primeira foi em 1998 na USP em São Paulo.

O encontro teve recorde de público, recebendo participantes da Europa, Japão, Estados Unidos e de vários países da América Latina. “Foi uma grande oportunidade de investimento qualificado na formação de novas gerações de pesquisadores em um setor de ciência no qual o Brasil já tem um grande destaque”, disse Noll.

Amorim destacou que o Brasil já ultrapassou os Estados Unidos em número de autores na revista mais importante da área de zoologia, a Zootaxa. “Proporcionalmente ao PIB, o Brasil é um dos países que mais investem em pesquisas de biodiversidade. Exemplo disso é o Programa BIOTA-FAPESP”, disse.

Amorim explica que a sistemática filogenética vai muito além da taxonomia, que dá nome aos organismos, uma vez que mostra a relação entre as espécies sob o ponto de vista evolutivo.

“Essas constatações são capazes de gerar aplicações muito importantes tanto na área médica, ao entendermos a evolução dos vírus, como na de biotecnologia, especialmente no que diz respeito ao conhecimento sobre fungos e bactérias”, disse.

Amorim acrescenta que conhecer a biodiversidade permite também que se defina o melhor lugar para a instalação de reservas biológicas.

Para Wenzel, o principal desafio da área é ver quais dos muitos dados obtidos nas pesquisas são úteis e, depois, saber processá-los para aplicar nas mais diversas áreas. “Para isso, esta reunião entre tantos pesquisadores é de grande contribuição”, disse.

Fonte: http://agencia.fapesp.br/14307
Comentário:Muito interessante essa noticia por que precisamos mesmo debater a genética.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Golfinho da Guiana tem sexto sentido

A electro-recepção permite capacidade cartográfica a mamíferos

A electro-recepção permite ao golfinho detectar pequenos campos eléctricos emitidos pelas suas potenciais presas, segundo revelou um estudo alemão levado a cabo sobre um espécime em cativeiro. O estudo foi recentemente publicado na Proceedings of the Royal Society B.

Já se conheciam os cinco sentidos deste mamífero: a vista, o toque, a audição, o paladar e a ecolocalização (capacidade biológica de detectar a posição e/ou distância de objetos), em substituição do olfato. Esta última característica permite-lhe, tal como aos morcegos, servir-se do eco do seu grito utrassónico para cartografar o seu meio envolvente.
O sistema nervoso olfativo destes animais desapareceu, mas uma equipe de investigadores alemães acabou de mostrar que o golfinho da Guiana francesa dispõe de um sexto sentido – a electro-recepção –, dotando-o de capacidade de conseguir captar objetos que libertam um campo eléctrico, tal como a grande parte dos seres vivos.

Quando um dos dois golfinhos da Guiana do Dolphinarium de Münster morreu, os biólogos procederam à sua autopsia e decidiram depara-se nas suas “criptas vibrissais”, uma espécie de bigode à volto do nariz. Enquanto dissecavam o animal, não encontraram nenhum pêlo debaixo da pele, mas uma espécie de muco semelhante ao dos ornitorrincos. Esta substância confere aos mamíferos ovovíparos um sistema de electro-recepção bastante desenvolvido.

A equipe do Dolphinarium d'Allwetterzoo Münster seguiu a pista e, após uma série de testes efetuados, tentaram perceber se o Paco (o segundo espécime ainda vivo) conseguia detectar pequenos campos eléctricos. A experiência foi bem-sucedida, mas quando decidiram isolar parcialmente a cabeça do animal, perceberam que a sensibilidade de captação desaparecera.

A conclusão aponta para o convincente papel das criptas vibrissais como importantes na detecção de estímulos elétricos. Sendo assim, o golfinho é o primeiro animal que não põe ovos a ser dotado desta capacidade.

Contudo, a electro-recepção é ainda um sentido muito primitivo. A lampreia, um dos peixes mais arcaicos, tem-no, por exemplo. O tubarão, sendo quase cego, é também dotado deste sentido para poder caçar, assim como outros seres vivos privados de outras habilidades. Esta capacidade faz do golfinho da Guiana uma espécie privilegiada.

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=50359&op=all 

Comentario:Muito interessante essa noticia sobre os golfinhos,descobriram um q tem um sexto sentindo isso é caso para estudos.